Quanta ansiedade!!!

Como somos ansiosos… Com nossas vidas e com a dos outros também. Desde que somos gerados, já existem expectativas a nosso respeito: “Como ele será? Será parecido com o pai ou com a mãe?” É uma sede de antecipar tudo e o presente muitas vezes se perde em meio  a  toda essa ansiedade.

Hoje ouvi uma música do Lulú Santos que me deixou pensando… Tem uma hora que ele canta assim:

“Tamanha pressa de chegar a nenhum lugar
Só pra ter a sensação
De que a vida passa assim como um tufão…”

Lembrei-me de quando tinha 13 anos, ouvia essa música e a achanava “non-sense”, mas eu estava sempre pensando em quando seria mais velha e viveria mil amores, trabalharia, viajaria… Que bobagem! Devia ter curtido mais as minhas idas ao Playcenter, os picolés que tomavamos na porta da escola, as conversas bobas das minhas amigas, as músicas do Duran Duran e do A-ha… Tudo passou, nunca mais voltou e nem voltará! Não que eu não tenha vivido ou curtido, mas estava sempre preocupada com o que aconteceria no futuro: Quando teria o primeiro namorado? Onde iria trabalhar? Com quantos anos me casaria? Quantos filhos teria? E por aí vai… Que sacanagem comigo mesma! “Tamanha pressa de chegar a nenhum lugar”

E não foi assim apenas nessa época. Quando comecei a trabalhar, aos 16 anos, me privava de muita coisa para juntar dinheiro e comprar um carro, mas… Pra onde ele me levaria? Depois que comprei o primeiro, juntava dinheiro para trocar… Mas e o passeio que o carro me proporcionaria? Nada! Casei, não juntava dinheiro pra nada, porque meu salário de estagi á ria era pra pagar a faculdade e despesas. “Quando isso vai acabar? Será que algum dia eu vou conseguir conhecer Fernando de Noronha? E os Estados Unidos? E a Europa?”Me separei e aí vivi três anos no mais puro hoje, viajei, saí, flertei… Daí também cheguei a ser inconsequente… Fali! Mas vivi e eu precisava aprender a viver o hoje.

Chegando aos 30 as coisas mudaram e hoje a vida é ponderada. Viajamos, saímos, curtimos, mas guardamos um pouquinho pra amanhã também. Afinal, agora temos filhos.

Os filhos… Tenho que me segurar pra não ser ansiosa com o desenvolvimento dele. E como as pessoas cobram as outras… “Ele ainda não anda?”, “Não vai à escolinha?”,“Não come sozinho?”, “Ele ainda não fala?”, “Você ainda não tirou as fraldas dele?” Eu acho isso tudo tão chato!!! Claro que podemos estimular o desenvolvimento das crianças, mas isso é diferente de forçar.  O incrível é que muita gente que faz esses questionamentos são pais de jovens ou adultos, logo já passaram por isso, mas acho que se esquecem.  Também se esquecem que seus filhos cresceram e continuam cuidando de tudo para eles, da organização das roupas à organização logística para a viagem com os amigos. Acho que vou começar a perguntar: “Mas com 25 anos ainda não sabe comprar comprar uma passagem aérea?”(Bem, isso foi só um desabafo, vamos voltar a ansiedade) . 

Nesse esforço de viver o hoje, tento aproveitar cada momento da infância do meu filho: O cheirinho de bebê (eu o cheiro muito, quero lembrar sempre desse perfume), a farra dos banhos, seus desenhos e massinhas, brincar na areia da praia, cada palavra, sorriso, dancinha, gracinha, a carinha feliz quando vou buscá-lo na escola… Quero ver tudo e hoje! O que ele fará amanhã, verei amanhã.

Não foi fácil chegar a esse momento de “curtição do hoje”. Logo que o Marinho nasceu fiquei na pilha de quando eu voltaria a trabalhar e retomaria meu projeto de mestrado. Todo mundo perguntava isso também. Com a ajuda do Cí, consegui baixar essa ansiedade e enxergar que, com a vida que escolhemos, só será possível daqui  a  uns três anos. Então, viverei esse momento quando ele chegar. Hoje, vou aproveitar a sorte e o privilégio de poder fazer o que tantas mães sonham, vivenciar o crescimento de seus filhos (Paulinho está chegando na área!). Tudo isso vai passar e nunca mais poderei viver o que posso viver hoje.

Como diria a música do Legião:

“É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Por que se você parar
Prá pensar
Na verdade não há…”

 P.S.: A música do Lulu Santos a qual me refiro é “Um pro outro”, gravada em 1986 no álbum “Lulu”.

P.S.2: A música do Legião Urbana a qual me refiro é “Pais e Filhos”, gravada em 1989 no álbum “As Quatro Estações”.

3 Respostas para “Quanta ansiedade!!!

  1. Parabéns pelo artigo. De uma verdade impressionante. Como eu gostaria de poder voltar o tempo e mudar tanta coisa acontecida e principalmente amar como se não houvesse amanhã. hoje correr atrás do tempo perdido é mais complicado. abraços. Parabéns por sua família. DEUS os proteja sempre.

  2. Lu eu amo o que vc escreve!!! Parabéns! Esse artigo então, está sensacional!! Vi minha vida passar e me senti como aqueles cachorros que correm atras dos pneus dos carros e qdo eles param, não sabem o que fazer!!! Qto tempo perdido, qto tempo fora de casa, longe dos filhos sem vê-los crescerem, para que tivessem o melhor se o melhor estava saindo e os deixando!!!Continue sim, sentindo o cheiro das fraldas do seu ! Eu daria tudo hoje, pra poder fazer o mesmo!!!( desculpe, é só um momento de Síndrome do ninho vazio) Bjos e te amo!!!

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